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quinta-feira, 2 de julho de 2009

PADRONIZAÇÃO cultural. É vacilação?

Então,

outro dia, mas especificamente no dia 31 de dezembro de 2006 (essas datas ficam na memória), eu entrei numa loja de conveniência de um posto de gasolina em Recife-PE.

Reparei que, exceto pelo sotaque da moça que me atendeu no balcão, eu poderia perfeitamente dizer que estava no Rio, em São Paulo, em Manaus, em Fortaleza, Brasília, ou até, quem sabe, em Buenos Aires. Ali dentro da loja tudo era igual ao que eu já havia visto em outras lojas da mesma rede, espalhadas por várias cidades do país.

O design gráfico e decoração da loja, os logotipos, cartazes, anúncios, pinturas, balcões, prateleiras, uniformes dos funcionários e, óbvio, os produtos, são IGUAIS em todas as lojas da rede.

Essa parada, eu acho, se deve ao fato da economia de mercado globalizada exigir a PADRONIZAÇÃO. Tudo bem, eu nunca cursei uma faculdade de administração, economia, nem nada parecido. Mas peço pra quem for estudioso nesse assunto, entender que embora eu não esteja tão informado quanto poderia, to tentando só mostrar minha opinião sobre o fato. O lance é que, mesmo não freqüentando aulas sobre isso, parando pra pensar no assunto eu acabo achando que o motivo da rede de lojas ser padronizada e ter unidades IGUAIS espalhadas por várias cidades (e até países) é uma necessidade do SISTEMA DE TROCAS COMERCIAIS. Padronização gera “praticidade”(pra quem vende e quem compra), “eficiência”, logística fácil, e o mais importante pra esse sistema: LUCRO.

Mas aí pensando um pouco mais:

será que essa é realmente uma NECESSIDADE???

Beleza, a padronização teoricamente “gera empregos”, “estimula o crescimento econômico” e realiza uma série de outros objetivos que são bons SOMENTE pra economia globalizada e pra quem mais se interessa por ela: OS PATRÕES e os DONOS.

Pro trabalhador, pouca coisa muda. A não ser o fato de ele ter que se familiarizar com uma cultura e uma espécie de relação comercial e social que ele NÃO ESCOLHEU, e usar um uniforme que às vezes nem é adequado pro clima da cidade onde mora.

Mas e a sociedade? Ganha ou perde com a padronização?

To escrevendo esse post pra que você que ta lendo pense sobre isso e de sua opinião.

A minha é de que sem dúvida a gente perde muito mais do que ganha.

Acredito que os movimentos CULTURAIS são fenômenos ESPONTÂNEOS, surgidos da vivência do ser humano, de suas relações sociais cotidianas, e da sua relação com o meio ambiente que o cerca, com suas características climáticas, geográficas e tudo o mais.

Padronizar é inibir a manifestação cultural.

E é exatamente essa manifestação cultural que gera a DIVERSIDADE, a PLURALIDADE e as DIFERENÇAS. Disso todo mundo gosta, eu acho. Até pq, sem diversidade a vida não teria a menor graça.

Realmente não consigo acreditar que o tipo de uniforme, a arquitetura, e a estética de estabelecimentos comerciais tenham que ser os mesmos tanto numa cidade de clima Tropical quanto numa cidade de clima Temperado. Quanta manifestação espontânea deixa de existir por isso? Quanta coisa BONITA e ORIGINAL de cada LOCALIDADE deixa de existir por isso? Pq se o maluco que abriu a loja dele no Recife quiser colocar uma cobertura de palha pra o ambiente ficar mais arejado, ele ta mais do que certo. E se o outro que abriu sua vendinha em Caxias do Sul quiser fazer as paredes de madeira, no estilo clássico de construções de localidades frias, ele também tem todo o direito. E ao fazerem isso estarão sendo espontâneos e sinceros, ao invés de forçosamente se adaptar a um padrão estabelecido por uma empresa. Teoricamente, ainda é possível que qualquer cidadão abra seu estabelecimento e construa-o da maneira que bem entender. Mas tenho certeza, que hoje em dia é bem difícil competir com as GRANDES REDES.

E por aí segue o “desenvolvimento”. Extinguindo culturas, folclores e uma infinidade

de tradições de vários povos. Chega de “desenvolver”. É hora de distribuir e manter.

Nessa mesma visita ao Recife, ao parar em frente a um aparelho de Tv, percebi que o apresentador do telejornal local era treinado pra ter o sotaque o mais “imparcial” possível. Ou seja, padroniza-se até a maneira de falar.

Não sei você, mas eu acho lindo o sotaque nordestino. Assim como o mineiro, o carioca, o gaúcho, o paulista, o goiano, e todos os outros. E pretendo poder ter a oportunidade de ouvi-los todos muitas vezes ainda pelas minhas andanças por esse mundão. Apreciar amarradão suas diferenças, e sua pluralidade: tudo que há de mais bonito.

Perdão pelos erros de gramática.

A intenção é sincera, e muito.

Um abraço.

1 comentários:

mateus disse...

infelizmente é mais fácil simplismente fechar os olhos em nome do capitalismo né, esperamos que pelo menos isso mudo, e o quanto antes, antes que mais coisas se percam.